domingo, 6 de fevereiro de 2011

Porque te amo...


Dor. Senti dor. Doeu-me saber tudo aquilo.
Quanto mais ele falava, mais dor eu sentia. Quanto mais o ouvia, mais lhe pedia para que se calasse. Mas ele não o fez.
De súbito cerrei os olhos. Pedi-me para sair dali. Pedi que o meu subconsciente me fizesse esquecer tudo aquilo. Mas não.
Ele continuava a falar e eu sentia a dor a aumentar.
Continuei no meu sonho. E do nada apareceu a praia. Uma praia vazia de tudo, somente cheia de lágrimas.
Chamaram-me. Acordei e voltei à vida não muito diferente daquele meu sonho.
Fui embora. Quando saímos quis apenas fugir. Não o fiz. Fiquei.
Senti que devia ser forte. Forte por todos.
Agora sei que não o sou. Agora aqui sozinha, sei que não. Sou somente a mais fraca. A mais pequena de todos.
Gostava de voltar atrás e perguntar porquê. Porquê a mim, porquê a nós, porquê a ti.
Vejo agora que estas cansada. Vejo agora como estás sofrida, e custa. Custa não ver aquele olhar brilhante porque não me apaixonei.
Custa ver um sorriso amarelo, uma cara desfeita, uns olhos cansados.
Volta. Volta, por favor, volta.
Preciso tanto de ti. Aconchega-me nesse teu regaço. Deixa-me cheirar-te. Deixa passar a minha mão pelos teus cabelos.
Já não o faço. Perdoa-me por já não o fazer. Não me perguntes porque mudei, porque me afastei. Eu não o queria te feito. Achei que seria mais fácil afastar-me. Já sei que não.
Desculpa, agora não consigo. Dói olhar para ti. Dói ver como tens a alma desfeita.
Já não sonhas. Tinhas tanto para sonhar. Mas agora já não o fazes.
Destruíram a tua alma de criança. Essa criança que brincava comigo às bonecas, agora está morta.
Não fui ao seu funeral. Não consegui chegar a tempo de me despedir.
Faz-me falta agora. Fazes-me falta. E sei que também eu te faço falta.
Ambas perdemos a coragem para voltar. Estamos ambas cansadas demais para voltar. Voltar aqui. Voltar a nós. Voltar à vida.
O relógio bate as horas. Ainda que não nos sintamos preparadas, temos de o fazer.
Eu vou voltar. Volto por ti que tanto amo.
Juntas eu sei que iremos longe.
Contigo junto a mim, sei que não irão sobreviver os dragões de duas cabeças.
Desta vez, e só desta vez, deixa que os papéis se invertam. Deixa-me cuidar-te.
Prometo que não te abandono. Prometo que não te volto a deixar.
Voltas agora?!


Amo-te!



1 comentário:

  1. Há sempre a dor de poder ter sido melhor para com alguém. Não é sentimento de culpa, é sentimento de amor, porque "somos responsáveis por todos aqueles que cativamos".

    E voltará e a dor irá atenuar-se. Sem medo.

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