domingo, 28 de agosto de 2011

Ode* ao (des)amor...

Sentei-me. Esperei que a inspiração viesse e ela não veio. Chamei-lhe pulha. Soube então que só trabalhava quando queria.
Levantei-me. Andei aos círculos no quarto durante horas a fio. Esperava por ela.Esperava que ela voltasse para termos uma conversa.
Ela não voltou. A conversa não aconteceu.
Sentei-me novamente. Já não a esperava pois sabia que ela não voltaria tão cedo. Esperava agora por outra coisa. Algo que nem eu me sentia capacitada para definir. Apenas sabia que estava próximo.
De súbito levantei-me. Abri a porta e saí para a rua. Deparei-me com algo surpreendente. Deparei-me com ele à minha porta.
Quando o vi, arrepiei-me. Senti um calafrio percorrer o meu corpo, mas não de uma forma desagradável. Não. Soube-me bem.
Entreolhámo-nos com ternura. Convidei-o a entrar. Ele aceitou.
Senti toda a vizinhança a espreitar. Fechei as janelas, e ri. Mas de repente percebi que não ria sozinha. Ele ria comigo.
Aproximou-se com delicadeza tentando beijar-me. Afastei-o.
Disse-lhe que não. Ainda agora o conhecera. Perguntou-me se existia algum código pelo qual eu me regia. Que leis eram essas que me impediam de ser feliz. Disse-me ainda que racionalizava demasiado as emoções.
Incrédula com tudo o que ouvira, fechei-lhe a porta. Nunca antes me haviam desafiado tanto. E eu nem tivera a capacidade de dar uma resposta adequada.
Revoltada com o que acontecera, voltei para a rua para ver se o via.
Encontrei-o a beijar outra. Dirigi-me a ele e chamei-lhe ordinário.
Engasgou-se.
Bem feito, foi o que pensei. Gostava que ambos tivessem engolido aquelas suas línguas promíscuas....

P.S. Este não é o fim, é apenas o inicio.

*Canto laudatório ou de louvor, a algo ou alguém.

1 comentário:

  1. Já me lembro do título... o título de um teu livro :) a inspiração nunca desaparece para sempre ;)

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